Conversando sobre Leucemia Mieloide Crônica | Geydson Cruz [MD;MSc]

3 years ago
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Leucemia Mieloide Crônica não possui a mesma evolução que possuía há alguns anos, sendo um exemplo claro e evidente de como as melhoras obtidas de pesquisas científicas levam a mudanças significativas no dia-dia de portadores de algumas doenças.

É um tipo de leucemia caracterizado pela translocação recíproca entre cromossomos 9 e 22 (Cromossomo Filadélfia). Isso leva a formação de uma oncoproteína de forma constitutiva chamada BCR-ABL1.

Estima-se que ocorrem 10-15 milhões de casos por ano e não há grandes diferenças entre as regiões e etnias.

Modificações significativas aconteceram após introdução de inibidores da atividade tirosino-cinase.

Considerada atualmente uma patologia crônica que necessita tratamento prolongado objetivando a resposta profunda a LMC possui sobrevida muito próxima das pessoas sem a doença. O grande objetivo atual do tratamento é permitir uma adequada qualidade de vida aos portadores da doença.

A partir da suspeita clínica e dos achados de exames preliminares o diagnóstico é feito a partir da confirmação da presença do gene BCR-ABL1, seja por meio de citogenética convencional FISH ou biologia molecular. A citogenética é confirmatória em 95% dos caos, sendo que o restante é diagnosticado por meio de exames moleculares.

### Evolução

A LMC possui fases de evolução. A fase inicial doença é chamada de Fase Crônica. A segunda fase em que ocorre a aquisição de alterações moleculares adicionais que, por sua vez, manifesta-se por resposta mal controlada ao tratamento com a dose habitual das medicações e deterioração sintomática progressiva, inclusive com piora do hemograma. Essa última fase de doença é a Fase Acelerada que antecede a terceira que é chamada Fase Blástica. A terceira fase da leucemia é caracterizada pelo excesso de precursores imaturos na circulação e na medula óssea, ou seja em porcentagem superior a 20%. Esse número representa o mesmo percentual para diagnóstico de leucemias agudas, o que às vezes é indistinguível pela análise morfológica apenas.

Não basta apenas tratar o paciente portador de LMC, é necessário também acompanhar rigorosamente a evolução. Assim nos pacientes o objetivo é provocar a melhor resposta possível, que é a a ausência de evidência de doença, por meio da negatividade dos exames moleculares, o que denomina-se de Resposta Molecular Completa. Sabe-se que muitas vezes a ausência de evidência não significa a evidência da ausência, assim exames negativos não significam o fim do tratamento. Dessa forma mesmo com resultados excelentes o tratamento não deve ser suspenso.

Felizmente o tratamento atual com os ITK permite afirmar que a causa de morte nos paciente portadores de LMC raramente é a própria LMC, bastante distinto daquilo de poucos anos atrás.

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