Janones é flagrado em áudio fazendo rachadinha com salário de assessores em 2019

Gravação teria sido feita dentro da Câmara dos Deputados

O deputado federal André Janones (Avante), famoso por lançar diversas fake news contra o ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2022, pediu parte do salário de assessores para despesas pessoais: “Casa, carro, poupança e previdência. É o que consta em um áudio divulgado pelo portal Metrópoles na madrugada desta segunda-feira, 27.

O pedido do deputado aos seus assessores foi registrado em 2019, o que configura como rachadinha, ou seja, a prática de enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público e é passível de inelegibilidade segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na oportunidade, Janones não sabia que estava sendo gravado, porém não fez cerimônia ao dizer que pretendia gastar a grana dos assessores para comprar casa, carro, poupança e previdência. A reunião com seus assessores foi na própria Câmara dos Deputados.

Durante o pedido de parte dos salários dos seus assessores, Janones tentou sensibilizá-los. “Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito.

Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, tentou convencer Janones.

A reunião com assessores ocorreu na própria Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido de Janones. Antes de pedir os salários de sua equipe, o deputado tentou sensibilizar os servidores.

Ele continua alegando seu pedido, informando que teve o patrimônio dilapidado durante a campanha a prefeito de Ituiutaba em 2016, onde teria perdido uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 380 mil.

“Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, afirmou.

Em seguida, Janones reiterou que não seria justo assessores permanecerem com 100% de seus salários: “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”.

As gravações foram feita pelo seu ex-assessor, o jornalista Cefas Luiz em fevereiro de 2019, após o parlamentar se eleger pela primeira vez. Ele afirma que levará a gravação à Polícia Federal juntamente com outras provas de supostas irregularidades que teriam ocorrido no gabinete do deputado.

“Sei de muita coisa que acontecia por lá”, diz Cefas Luiz.

O outro lado

A assessoria de Janones se manifestou dizendo que tem conhecimento do áudio gravado pelo ex-assessor, porém que esse material foi retirado do contexto. O parlamentar não se manifestou sobre o assunto.

Semana passada, Janones lançou o livro “Janonismo Cultural”, onde conta como produziu as fake news que atingiram a campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. No livro, ele confessa e se gaba de ter produzido notícias falsas em detrimento ao mandatário.

Janones tentou ser candidato a presidente da República pelo Avante, porém decidiu apoiar Lula após criticá-lo anos antes, chamando de “ladrão”. Janones começou a trabalhar com a Militância em Ambiente Virtual (MAV) petista para atacar além do ex-presidente, políticos da direita como Nikolas Ferreira (PL-MG), onde publicou um vídeo de um ator pornô gay americano e tentou apontar que na cena de sexo explícito homossexual seria do parlamentar por conta da sua semelhança física.

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