Morte no Café Avenida (18/09/1931)

1 year ago
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Assassinato do baiano Arthur Falcão no Café Avenida em 1931.
Crime perpetrado pelo capixaba de Calçado Emygio Sarandy.

Manhã de sangue
25 de Setembro de 1931 no jornal Diário da Manhã

Estúpido assassinato a porta do Café Avenida

Vitória é uma cidade cuja índole da população é pacífica. Raramente uma cena de sangue vem incomodar a sua polícia e abalar os nervos da sua gente. Um assassinato, pois, é motivo de grande alarde. Toda a capital estremece de horror.

A prova do que afirmamos, da pacatez nosso povo, está no noticiário dos jornais. A não ser em pequenos Furtos, alguns pescoções, algumas bengaladas, vez em quando, isso mesmo pela zona de "bas fond" Quase que o registro policial passa em Branca nuvem.

O fato de ontem foi um desses grandes acontecimentos. Um homem Matara o outro, inopinadamente, bárbaramente, a porta do Café Avenida, desfechando-lhe seis tiros de revólver a queimar roupa. Era a notícia que, logo após às 10 horas circulava por toda cidade, provocando a curiosidade do Povo, que, em multidão, corria para o local do crime.

Antecedentes

José Sabino Monteiro, Emilio Oliveira Sarandy e Arthur Falcão constituíram, há tempo, uma sociedade para a exploração de uma banca de jogo. Os negócios iam correndo normalmente, estando os três satisfeitos. E daquela convivência no negócio parecia que os laços da amizade mais se haviam estreitado... Mas, como lá diz brocardo Popular, não há bem que sempre dure...

Uma mulher faz estremecer a união de amigos

De algum tempo a esta parte, as relações entre Arthur Falcão e Emílio Oliveira Sarandi ficaram estremecidas devido ao fato de haver a amante do primeiro de nome Idalina Godim, aceitado a corte do segundo, chegando ao ponto de abandonar Falcão. Este parecia resignado com a sua sorte de desespero, foi deixava tudo correr como se nada houvera.

A primeira versão que correu foi, pois, de que o crime se der em razão desse caso de amores. Todos os conhecidos dos protagonistas, que conheciam o fato, assim afirmavam. Entretanto, não foi esse, conforme está apurado, o principal móvel do crime.

A causa foi o desaparecimento de uma quantia que pertencia a José Sabino Monteiro. Desde que ficou sem o seu dinheiro, cerca de r$ 300 mil réis, que Sabino começou a desconfiar dos seus companheiros de sociedade, tendo ultimamente firmado a convicção de que o autor do furto fora Emílio Sarandi, tanto que levou a queixa a polícia.

Encontraram-se, hoje, Arthur Falcão e Sarandi em frente à Papelaria Samorini e dirigiram-se pela rua pela Rua Jerônimo Monteiro até o Café Avenida, conversando naturalmente, pois Sarandi convidar Arthur para tomar um café.

Diversas pessoas os encontraram, não notando na conversa a qualquer palavra mais áspera essa conversa ver sou principalmente sobre o caso do desaparecimento da quantia.

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