O Batman de Adam West Bastidores da Série | Documentary | Adam West's Batman | JV Jornalismo Verdade

1 year ago
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Adorada por muitos e execrada por indignados fãs do Cavaleiro das Trevas que não entenderam a piada, a série cômica do Batman realmente não é um prato de fácil digestão. Ou você embarca no espírito anárquico que ela impõe ou muda de canal. Os perigos absurdos são tantos e a bondade dos heróis é tamanha que chega a ser irritante. Todavia, embalado pela singela música-tema composta por Neil Hefti e executada pelo grupo The Ventures (cuja única palavra era o nome do herói), o seriado esbanjava charme.
O programa é resultado dos delírios do produtor William Dolzier. Até se envolver no projeto, ele nunca havia lido gibis. Ao se interar do conteúdo sombrio das histórias do Batman, tomou uma decisão radical: só faria a série se fosse uma comédia. Misturando os clichês dos antigos seriados de aventura (daí o final gancho em que os heróis sempre estavam prestes a morrer diante alguma arapuca doentia), a linguagem dos quadrinhos e a estética do Pop Art, a série tornou-se um fenômeno. Quando estreou em 12 de janeiro de 1966, foi vista por 49,5% dos televisores norte-americanos.
Travestida de comédia camp (algo que, de tão artificial, chega a ser divertido) a série era uma crítica ácida à sociedade americana e sua necessidade de heróis mascarados e imaculados, onde os vilões não tinham freio moral algum e a policia era completamente inútil. Assim, os ilustres desconhecidos Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin) tornaram-se celebridades.
Outros ilustres a aparecer no seriado foram O Besouro Verde e seu auxiliar Kato (vivido pelo lendário Bruce Lee). Nesse episódio duplo, os defensores de Gotham acreditam que os convidados são os vilões da história. Na verdade, esse crossover era uma jogada de Dolzier, a fim de impulsionar a série do Besouro, também produzida por ele. Valeu só pela oportunidade de vermos Robin encarando rapidamente Bruce Lee num mano a mano... Os cachês pagos aos convidados eram bem maiores do que os salários dos heróis; em especial o de Ward, que recebia menos do que o mínimo da época. Até seu dublê, que mal era usado, recebia maior valor. O resultado eram constantes acidentes com o ajudante do Morcego. Outro problema de azarado Robin era a Liga Católica de Decência, grupo que reclamava que seu calção deixava por demais proeminente seu órgão sexual. Para diminuir o problema foi obrigado até mesmo a tomar remédios.
Não é de hoje a tradição dos vilões ofuscarem o Morcegão. Todavia, aqui, pelo menos o elenco era de primeira e não fazia feio ao tentar desmoralizar o herói. Sem origens ou qualquer justificativa para seus atos eles simplesmente eram maus e deliciosamente insanos. Sinta só que seleção:
Pingüim (Burgess Meredith)
Por mais que parecesse a de um pato, essa era a risada do aristocrático vilão obcecado por peixes. Seus perigosos guarda-chuvas deram muito trabalho a Batman, principalmente quando de sua candidatura à prefeitura de Gotham; argumento emprestado ao longa Batman - O retorno, anos mais tarde.
Coringa (César Romero)
Se você prestar atenção nas aparições do palhaço do crime, perceberá que dificilmente era dado um grande close-up no dito cujo. Acontece que Romero usava um generoso bigode que, por mais que lhe pagassem bem, ele não raspava de modo algum. Pintada de branco, a pelagem quase não dava para ser vista. Quase...
BATMAN, A MORAL EM PESSOA
Correto até o DNA, era incapaz de ir contra os bons costumes e o civismo. Acreditando cegamente em seus princípios, não percebia o quanto suas atitudes eram contraditórias e até mesmo hipócritas. Uma bela crítica aos xerifes do mundo.
Um exemplo: Após o roubo do Batmóvel, ele relata do orelhão o ocorrido ao Comissário. Este gentilmente oferece uma viatura para conduzir o herói. Claro que a figura recusa, justificando que seria um gasto desnecessário do dinheiro público, ainda mais com as facilidades que o metrô de Gotham oferece. Todavia, como nenhuma linha de ônibus ou metrô passa pelas redondezas, é levado na garupa da bicicleta de Alfred.

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