DE QUEM É O CAMINHÃO DE MELANCIAS?

1 year ago
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Desde o ano passado, ainda na Jovem Pan, venho alertando que o projeto do PT para lidar com as Forças Armadas do Brasil não caminharia na direção do modelo de cooptação venezuelano e, sim, para uma "argentinização" do papel dos cidadãos fardados.

Naquele país do sul ocorreram seis golpes de Estado, no período entre 1930 e 1976. Nos dois últimos, de 1966 e 1976, os militares estabeleceram regimes autoritários mais duradouros. O período iniciado em 66, em plena guerra fria, foi de extrema violência e deixou cicatrizes abertas por décadas na sociedade argentina. Os efeitos econômicos e psicossociais da derrota na Guerra das Malvinas foi o outro fator determinante para compreender o desprestígio paulatino dos militares durante os mais recentes governos de esquerda.

No Brasil, segue prosperando a estratégia de José Dirceu (conhecido no meio militar pelo codinome "Daniel", utilizado em Cuba e na clandestinidade ao retornar ao Brasil). À esquerda, que historicamente despreza a instituição militar (por sua constituição conservadora e atuação durante os governos de 1964 a 1985), interessa seu total afastamento dos temas políticos internos e isolamento da população.

Parte dos seguimentos conservadores, por outro lado, parece desconhecer os desígnios dos estrategistas do PT e caem com muita facilidade na armadilha do desprestígio e antagonismo às Forças Armadas, desconsiderando que, após a debacle petista do governo Dilma, Dirceu admitiu que a grande falha do partido foi não neutralizar a resistência ideológica militar ao projeto socialista.

Os equívocos de comunicação do governo Bolsonaro são bem conhecidos e, particularmente na questão militar, o legado não foi positivo. A "Nota à Imprensa de 11/11/22", assinada pelos três Comandantes das Forças (sem a assinatura do Ministro da Defesa) legitimava as manifestações pacíficas e constitucionais nas imediações de instalações militares, mas poderia ter sido melhor esclarecida nas semanas subsequentes.
O silêncio contribuiu para a desinformação nas redes socias e a instrumentalização política do Poder Judiciário contra os manifestantes, ainda na transição.

A falta de liderança política para organização da oposição acabou desaguando nos fatos inadmissíveis do dia 08 e, sobretudo para os militares, do dia 09 de Janeiro - "Dia da Perfídia", com as consequências que todos acompanhamos.

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