Sobram lugares em tantas mesas

Versejar ao modo de uma payada, para falar de dores e tristezas - mas também para cantar o amor e a esperança.

QUEM PODERÁ DESPERTAR O POVO?

A dor da ausência machuca
logo depois de uma despedida
e são tantas ao longo da vida
que até parece uma arapuca,
ferida que no descuido se cutuca
e do nada o passado logo volta:
algo dentro da gente se solta
e onde antes tinha uma calmaria
a brisa se transforma em ventania
e a candura vira uma revolta

Sempre fomos um povo pacato
educado para ser cordeiro,
usaram nosso perfil ordeiro
para fazer gato e sapato
e o que precisamos, de fato
é romper com esta hipocrisia
de marchar célere em romaria
indo entregar a alma pro tirano
e ele leva o nosso país pro cano
e submete a todos na tirania

Por vezes sinto um nó no peito
ao ver o que fizeram com o Brasil
só porque a turma que tem fuzil
tá virada assim de um jeito
que usar cueca rosa não é defeito
mas símbolo de uma evolução
de quem deu banana pra nação
Correr riscos? Coisa de otário
a preocupação é o soldo, salário
e dá-lhe continência pro ladrão

A esquerda adora o servilismo
e pra isso sempre haverá um oficial
que sonha em chegar a general
Causa cansaço o bom-mocismo
porque me parece ser cinismo
tanta gente estar acovardada
aceitando a condição de manada
esperando que alguém a desperte
o povo estar assim calado e inerte
sem ter como reagir, sem fazer nada

Estará faltando discernimento
às nossas incensadas lideranças
que fazem birra, feito crianças,
sem entender o atual momento:
o país comandado pelo jumento
logo adiante leva pra falência
e não há ninguém com decência
para dar um fim a este cenário!
Será que somos todos otário
esperando passar a turbulência?

Eles já se consideram vencedores
feito rainhas da preta cocada,
que não entregarão por nada
o Brasil que usam feito senhores
impondo ao povo seus horrores:
uns eles aquietam com auxílio,
outros obrigam viver no exilio
Odiados por todo o povo de bem,
canalhas que não valem um vintém
arrotam caviar, mas comem milho

Muita coisa me ensinou a vida
e sigo todo dia aprendendo
por isso não estou entendendo:
com tanta gente assim sofrida
sinto minha alma dolorida
mas sou obrigado a confessar
tem mais gente disposta a lutar
(e vou dizer uma cruel realidade
- me desculpem, mas é verdade)
pelo direito à putaria do cu dar

Não me preocupo com o do alheio
mas uso para retratar a situação:
o cu vale mais do que a Nação
e têm muitos dos nossos no meio
que reclamam: pare com nome feio
que o canal é algo bem familiar:
este teu chulo e abjeto linguajar
não convém em ambiente seleto
Por isso vou ser franco e direto:
pode sumir estrupício, vai te cagar

Ando sem paciência, eu assumo!
Como querem me cobrar fidalguia
quando o que escuto é só porcaria?
Da prosa eu vou mudar de rumo
pra falar da semana, o meu resumo:
Tenho uma fieira de tristeza
rabiscada a faca no tampo da mesa
na minha escrita de versejador
cada nome ali é sinônimo de dor
da injustiça símbolos, com certeza

Olhando, senti o calor de cada abraço
em cada lágrima que vi derramando
era a presença de Deus se manifestando
a empurrar pra longe todo o cansaço
- por isso, uma reverência eu faço
a quem passou tanto tempo preso
precisamos carregar juntos esse peso
nada pode cair no esquecimento:
tanta humilhação e sofrimento,
tratados enfim com tanto desprezo

Das imagens que levarei para o céu
aquela que sempre me emociona:
a figura de uma mulher, oitentona,
caminhando abraçada a um troféu:
sua Bíblia, no meio de todo escarcéu
Ela flanava sobre a humana maldade
com tanta paz e tanta serenidade
que Deus do céu perdoe o poeta
mas vi naquela figura dileta
uma alma pronta a viver na eternidade

Podem faltar palavras, é normal
porque há emoções transcendentais
que nos mantém diferentes e iguais:
quantas vezes quis triunfar o mal
apostando na fragilidade carnal
- mas eles não sabem a realeza
que se esconde, com certeza:
por trás de aparente fragilidade
de quem anda curvado pela idade
há uma alma cristã, uma fortaleza

Aqui reside o ódio que têm de nós
podem conquistar reinos terrenos,
não passam de néscios e pequenos
sabem que o destino deles: após
a vida, pagarão a conta a sós
sem desconto ou abatimento
terão eternidade de dor e tormento
e lembrando A Divina do Dante
eles arderão no eterno, cada instante
e nas labaredas o justo sofrimento

E antes de encerrar, um lembrete
Precisamos de apoio nesta luta
para podermos seguir na labuta
e enfrentarmos o asqueroso tiranete
ladrão testado e com ávida claquete
que já nos definiu como adversário
não sabe o velho ladrão e otário
que sempre voltamos, somos semente
para atordoar este tipo de gente
biltre, ladrão, títere e salafrário

Assim, na ilhapa deste rude versejar
quero lhes lembrar, amiga e parceiro
contamos com seu apoio financeiro
porque a alma é fácil sustentar
mas o corpo precisa se alimentar
Desmonetizados e atacados
pelos inimigos denunciados
como perigosos e genocidas
- acusações de todos conhecidas
temos os canhões pra nós apontados

Na tristeza, não vou alongar a prosa
mas que fique registrada a indignação
dos brasileiros roubaram a Nação
do meu jardim, afastaram a rosa
a flor mais linda, perfumada e mimosa
que Deus me deu por companheira
o amor da minha vida inteira
imagem sempre viva no coração
que descompassado vibra de emoção
desde os tempos lá da Palmeira

E assim, antes do encerramento
vai aqui da distância o abraço fraterno
aos dois pais que tenho: o carnal e o eterno
que me guiam na vida a todo momento
e mesmo nestes tempos de dor e tormento
nada poderá quebrar esta corrente
e tudo que o coração machucado sente
ninguém poderá arrancar dele o amor
e transformo em esperança a angústia e a dor
na minha vida, sempre estão juntos e presente

É um dia dos pais de muita tristeza
pela mão mesquinha dos comunistas
que atacou o nosso país, suas conquistas
Sobram cadeiras em tantas mesas
mas no coração seguimos com as certezas
de que para tudo isso só tem uma solução
e ela vira dos homens e da oração
porque eu me nego a acreditar
que nem um homem vai se levantar
pra salvar o povo e a Nação