Payada - Com Jair, o povo volta a sorrir

Para quem gosta de acompanhar...

Com Jair, o povo volta a sorrir

Que mundo é este, lhes pergunto
enquanto desencilho meu pingo
nesta manhã linda de domingo
e no meio de tanto assunto:
até parece que virou defunto
o velho ladrão, presidiário,
expert em dilapidar o erário:
o tanto que rouba este animal
é coisa pra lá de sobrenatural,
aplaudido só por safado e otário

Roubar é uma arte, ele deve se gabar:
nisto ele é de verdade um mestre
passou todo o primeiro semestre
pelo mundo com a doida a viajar
porque no Brasil ele não pode ficar
e se manda a envergonhar o brasileiro
que trabalha e vive no estrangeiro
Esse povo honesto e trabalhador
tem verdadeiro asco e sente horror
da corja que segue o trambiqueiro

A semana teve algo de extraordinário
por isso não levem a pergunta a mal:
por que levaram o Nine pro hospital
e não para se tratar no veterinário
ou deixá-lo em um serpentário
de repente serve mais sendo bóia
devorado por uma sucuri ou jibóia
do que continuar a andar pelo mundo
porque só o que sabe fazer o imundo
é mentir, roubar e viver de tramóia

Há sempre um maluco na espreita
deste povo que precisa odiar a gente
só porque o nosso eterno presidente,
aquele que o povo por nada rejeita
continua a ser esperança pra direita
que quer e precisa viver em paz,
mas só o diabo ao diabo compraz
- eles sentem prazer em ver a dor
do povo honesto e trabalhador,
como se fossem do capiroto, capataz

Eles têm pressa em destruir a nação
como se houvesse um compromisso
por isso, amigos, lhes digo: con permiso
nem eles aguentam mais o velho ladrão
Mas a semana também teve o Centrão
assumindo o governo do Dilmo, de fato,
esse povo é pior do que carrapato:
eles chupam sangue até de morto,
por dinheiro defendem pedo e aborto
- são na essência um bando de velhaco

Eu lhes digo, parceiros desta jornada
que vivemos dias e tempos de provação
pra sobreviver, é preciso muita oração
- essa turma não tem limite pra nada
anda com a alma de ódio carregada
destilando uma sede de vingança
contra idoso, mulher e criança:
quem eles não conseguem dobrar
querem até mesmo do país extirpar
ou ameaça com cadeia ou matança

Vivemos um tempo estranho, tortuoso
mas eu me garanto mesmo é na fé:
ameaçaram a jornalista Belomé
antes, prenderam o Alan Frutuoso:
o momento é muito escabroso
e me envergonho da cumplicidade
da corja que tem ares de felicidade
com a perseguição e a censura,
não sei o que pensa uma criatura
de aplaudir o ódio e a perversidade

Fazem de tudo, protegidos pela Globo
que esconde os fatos acontecidos
assim justificam os milhões recebidos
fazendo o povo de otário e de bobo
Criaturas do pântano e do lodo:
abutres protegendo o carniça
e voltaram a atar cão com linguiça
com a dinheirama que vão ganhando
pra ficarem mentindo e inventando
mais do que bêbado celebrando missa

Vivemos um tempo de muita estupidez:
quebram-se regras e procedimentos
porque o ódio que têm estes jumentos
os tornam cegos e assim, cada vez
mais esquecem o mínimo de altivez
Invadem a privacidade alheia
Por isso merecem uma boa peia
precisam ter no lombo uns lanhaço
e se for o caso, até levar algum cutilaço
ou deixar amarrado, na maneia

Confesso, esse povo me dá canseira
porque perderam qualquer referência
de dignidade, honra ou decência
e chego a pensar em uma besteira
que vi certa feita lá na Palmeira:
picaram como se fosse um papel
alguém que se fantasiou de Noel
para roubar casas na noite natalina
pegaram o maleva pela crina
e lhe deram fim de modo cruel

Sou contra a vioência, mas não sou santo
e eles seguem tencionando a corda
e depois, quando o balde transborda
cínicos, fazem uma cara de espanto
- mas lhes digo, e lhes garanto
são covardes, logo ficam cagados
feito baratas, correndo pros lados
pedindo ajuda, com uivinhos lancinantes
e a coragem que eles tinham no antes
ficou no papel higiênico já usado

Teve quebra de sigilo bancário
um precedente muito perigoso
porque este povo, além de invejoso,
não passa de um bando de otário
que não sabe da missa o rosário:
nas voltas que este mundo dá
pode acontecer, um dia, sei lá
este jogo do nada pode mudar
e eles irão por tudo pagar
no julgamento de Deus, Jeovah

A prosa vai longa e agradeço
ao Beto Gonzales por este costado
este violão assim tão bem tocado
numa milonga composta com apresso
com meu nome, nem sei se isso mereço
é a generosidade do parceiro e amigo
e nesta hora só muito obrigado consigo
dizer na forma da mais sincera gratidão:
receba o abraço daqui deste alemão
é do fundo da alma que te digo

Mas sempre tem algo acontecendo
pra deixar o nine fingers em polvorosa
o ódio é uma dor cruel e dolorosa
que fica sempre o taura remoendo
E o jumento diz que nem está vendo
a felicidade do povo, que volta a sorrir
quando consegue encontrar o Jair:
e ali a esperança do povo renasce
como se apenas aquilo já bastasse
para acreditar de novo no porvir

É hora de dar fim a payada
para não cansar os escutadores
porque é tempo, meus senhores,
de botar o pé na estrada
- mandando recado pra amada
dando conta da falta daquele abraço
que só de lembrar, acaba o cansaço:
sinto o coração mais forte batendo
como a gritar dentro do peito dizendo
sem ti, não sei nem o que faço

Quer de noite, quer de dia
há este vazio aqui dentro do peito
porque sinto falta do teu jeito
todo especial, linda guria
minha luz, inspiração e guia
para enfrentar distância e dissabores
tua lembrança acalma as minhas dores
e vou conduzindo pro arremate
e que a saudade não me mate
e de tantos espinhos, brotem flores