Aureliano Leite Barcellos (Médico Capixaba - 1877 / 1979)

1 year ago
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O MEDICO MAIS VELHO DO MUNDO. Testemunha da Abolição, ele ainda lê jornal todos os dias.

Ele se considera um mutante da medicina. Prescrevia sangria e cataplasma e ultrapassou a era dos transplantes.

ELE se formou no início do século, quando a Medicina era chamada de sacerdócio. Aplicou cataplasma e sangria, fez diagnósticos
sem exames de laboratório e durante mais de 70 dos seus 100 anos de existência, trouxe ao mundo cerca de 2.000 bebês.

Hoje, o Dr. Aureliano Leite Barcellos mora no antigo bairro de São Domingos, em Niterói, numa casa de vila sombreada pela vegetação.
Sua casa — a nº 6 - tem o portão da frente trancado, mas um aviso convida o visitante a bater na porta dos fundos.

O Dr. Aureliano já não é chamado às pressas para fazer partos, mas gosta de ver gente e conversar, embora perca a maioria das palavras. Nos últimos anos, ficou inteiramente surdo, apesar de atento ao que se passa no mundo à sua volta. Tão atento que, há 40 anos, alimenta um curioso costume. Todos os dias, ao acordar, atualiza o velho calendário de madeira que marca os dias, meses e anos de sua vida.

Nascido em 1877, em São Mateus, no Espírito Santo, ele se considera uma espécie de mutante.
Sentado na varanda de sua casa, metido em seu pijama de flanela e paletó de casemira, sem notar que a sexagenária Juraci está catando arroz
na cozinha, ele explica que viu tudo mudar. O mundo e a medicina. Mas acha isso muito bom.

Formado em 1900, no tempo em que prevalecia a teoria da sangria de Brossais "um francês ditatorial que derramou mais sangue do que Napoleão em todas as suas guerras" - Dr. Aureliano acompanhou duas das grandes transformações nos caminhos da vida humana: as descobertas de Pasteur e a chegada dos antibióticos. "Mudar é sobreviver, uma lei da natureza" grita sem que ninguém lhe tenha perguntado nada. E o Dr. Aureliano é assim mesmo.

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