QUEM está VENCENDO A GUERRA NA UCRÂNIA e POR QUÊ?

2 years ago
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Como analisar seriamente a guerra na Ucrânia? Lembre: "A guerra é a continuação da política por outros meios" dizia o estrategista Von Clausewitz. Ou seja: a guerra, assim como a diplomacia, economia, propaganda; é um instrumento nas mãos dos dirigentes de um Estado para atingirem seus objetivos.

Para fazer uma análise geopolítica adequada do desenrolar da guerra na Ucrânia é preciso ter esta visão ampla e analisar mais fatores do que apenas as batalhas.

01:02 O que a Rússia quer com essa guerra?
04:05 Um pequeno ensaio: A Guerra da Geórgia, 2008
06:12 Qual seria o 'cenário perfeito' para a Rússia?
07:27 Os problemas enfrentados pelos russos
12:59 O fim da Ostpolitik?
15:42 Suécia e Finlândia abandonam neutralidade e querer entrar na OTAN
17:26 A questão nuclear

A Ditadura de Putin vem, há cerca de 20 anos, tomando repetidas medidas na direção de reestruturação do poderio soviético - embora sem aparência nem retórica diretamente comunista - na vida interna da Rússia e em antigas zonas de influência da URSS.

Um passo decisivo para a instituição de uma nova ordem russa na Eurásia é a tomada da Ucrânia, uma vez que, de todas as antigas repúblicas soviéticas, ela é a mais rica em recursos naturais e tem uma importância estratégica enorme por ser situada junto ao Mar Negro.

O influente pensador e ocultista Alexander Dugin já afirmava em 1994 a necessidade fundamental de se retomar o controle da Ucrânia pela Rússia nos seguintes termos:

“A Ucrânia enquanto Estado independente com certas ambições territoriais representa um enorme perigo para toda a Eurasia, e, sem resolver o problema ucraniano, não há o menor sentido em falar de geopolítica continental.”

(DUGIN, Alexander – Fundamentos da Geopolítica. 1997. Tomo 5, Cap. 4, Sub 4.4 ‘O problema de uma Ucrânia soberana)

No início de 2022 Putin decretou uma "Operação Militar Especial" na Ucrânia, pois preferiu não dizer abertamente que declarou uma guerra de conquista para com um Estado soberano.

Se a referida Operação fosse executada de modo ágil e inteligente, e fosse resolvida em poucos dias ou semanas, Putin não receberia mais que alguns protestos internacionais, e poderia dividir a Ucrânia entre grupos separatistas pró-Rússia e instaurar um governo fantoche em Kiev, em um passo decisivo rumo à completa subjugação da Ucrânia.

Mas a Ucrânia não se rendeu de imediato: muito pelo contrário, preferiu resistir contra toda esperança; e de modo surpreendente o Presidente Alexander Zelensky capitaneou a resistência a partir de Kiev.

O Exército Russo, em sentido oposto, sofreu em poucas semanas mais baixas e deserções do que o Exército Americano teve em décadas nas guerras do Iraque e Afeganistão, por exemplo. A propaganda russa, que sempre apresentou o Exército Moscovita como uma força imbatível, caiu no ridículo - o que afeta muito a capacidade da Rússia pressionar outras nações a fim de atingir seus objetivos.

Uma enorme derrota moral e no campo da guerra psicológica, pois a Rússia já não é capaz de por em prática o ensinamento de Sun Tzu em "A Arte da Guerra": ''A suprema arte da guerra consiste em derrotar o inimigo sem precisar enfrentá-lo.''

Outra enorme derrota para a Rússia foi que, pela sua ameaça, Putin fortaleceu a OTAN a ponto de Suécia e Finlândia abandonarem sua histórica neutralidade e pedirem formalmente seu ingresso na OTAN.

A Rússia sofre com bloqueios econômicos vindos da Europa, e a nação líder do continente - Alemanha - que desde o início da Ostpolitik havia se tornado um importantíssimo parceiro comercial russo, por comprar gás e petróleo vindos de Moscou, tomou medidas inéditas para fazer sua dependência da energia russa cessar; e ampliou seus gastos militares.

A cada dia, a posição de Putin se torna mais difícil.
Ainda bem.

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