A economia é secundária, o que importa é as pessoas, diz Amartya Sen

2 years ago

São Paulo

Vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1998, o pensador indiano Amartya Sen prefere se conter nas discussões econômicas. Segundo ele, o tema já recebe muita atenção - "praticamente o tempo todo" - e há questões mais importantes, como liberdade e pessoas.

Em entrevista à Folha, Sen diz estar preocupado com as ameaças à vida humana devido à intolerância política, que se espalha pelo mundo. "Há muitas coisas acontecendo que são disruptivas. Se são ou não economicamente disruptivas é uma questão secundária."

Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen durante o evento Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, em 2012 - Zanone Fraissat - 25 abr. 2012/Folhapress

O pensador indiano, que ganhou notoriedade por seus estudos sobre a fome e por defender o desenvolvimento com liberdade, respeito ao indivíduo e bem-estar social, diz estar acompanhando de certa forma a realidade brasileira.

Segundo ele, o Brasil tem muito a ensinar ao resto do mundo e, como qualquer país, tem capacidade de crescer lutando contra as desigualdades.

"A justiça social não é uma fórmula abstrata. A justiça social é uma forma pela qual podemos ajudar uns aos outros, em que os ganhos que as pessoas obtêm podem ser compartilhados com outras pessoas", diz ele.

Sen publicou recentemente seu livro de memórias, lançado no Brasil pela Companhia das Letras sob o título "Uma Casa no Mundo". Nele, o economista detalha como suas experiências pessoais influenciaram seu trabalho em prol da melhoria da condição humana.

A entrevista foi feita por videochamada, antes do segundo turno das eleições brasileiras.
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