POR QUE a RÚSSIA é tão ANTI-CATÓLICA? - História Religiosa da Rússia

2 years ago
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Assim que a Rússia de Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, o Arcebispo Católico Ucraniano Borys Gudziak disse que "a ocupação russa, trará, sem dúvida, perseguição à Igreja Católica Ucraniana. Provavelmente exigirá de nós o martírio."

Ele explica: "Toda vez que a Rússia, nos últimos 200 anos, ocupava o território ucraniano, atacava a Igreja Católica, exterminando seus membros. Não acontecia imediatamente, mas aos poucos, os católicos iam sendo estrangulados. Isso aconteceu na década de 1820, em 1870, em 1945 e 1946, e aconteceu ao longo desses oito anos na Crimeia."

Essas perseguições ao Catolicismo não ocorreram só na Ucrânia, mas em praticamente TODOS os territórios ocupados pelos Russos ao longo de sua história; tanto nos tempos do Império Tsarista quanto da espúria URSS.

O que leva os Russos a serem tão Anti-Católicos? O próprio Arcebispo Borys explica: "Uma razão fundamental é que a Igreja Católica é a Igreja Universal. Um regime autoritário/totalitário quer o controle total.

E o controle total sobre uma comunidade que tem ligação com Roma e uma rede internacional de relacionamento não pode ser instituído. Assim, a Igreja Católica é um incômodo para os ditadores. "

Historicamente, a Igreja Ortodoxa Russa sempre foi controlada pelo Estado. Uma vez estabelecida a Sé do Metropolita do Antigo Rus em Moscou, em 1325 (antes ficava em Kiev) esta cidade torna-se a capital religiosa e política da Rússia.

Nesse mesmo período surge a tese da Terceira Roma: uma readaptação da doutrina Bizantina de que Constantinopla era o centro da civilização do mundo, e de que as prerrogativas de Roma foram transferidas para esta cidade.

Após a queda de Constantinopla em 1453, a legítima herdeira do Trono Imperial Bizantino, Zoé Palaeologus, casou-se com o Grão-Príncipe de Moscou, Ivan III, que adotou o sagrado título de Tsar (Imperador, César) e Moscou passou a ser considerada herdeira direta e legítima de todas as prerrogativas bizantinas, sendo a Terceira (e perpétua) Roma.

O Tsar sempre foi a autoridade máxima da Igreja Russa: ele podia eleger e depor Patriarcas, e de tal modo cresceram os Tsares em autoridade que Pedro o Grande aboliu o Patriarcado de Moscou, substituindo-o pelo Santo Sínodo: uma assembléia de Bispos e oficais Imperais que emitiriam decisões... que poderiam ser vetadas pelo Tsar.

A Igreja Russa portanto era inseparável do Estado Russo, e SEMPRE submissa a ele. Após a queda da monarquia e a perseguição contra todas as religiões movida por Lênin e os comunistas, a Igreja russa vê seu novo Patriarca, Sérgio de Moscou, ordenar a obediência cega ao regime soviético.

Em 1943 Josef Stálin restaura apenas a Igreja Ortodoxa Russa na União Soviética, sendo inteiramente controlada pela KGB. Os Católicos continuam perseguidos e não raro, martirizados.

Os mais notáveis Heróis da Fé deste lado da cortina de ferro são o Cardeal Mindszenty da Hungria, e o Arcebispo (depois Cardeal) Josyf Slipyj, da Ucrânia.

Que ambos intercedam em face da decadência moral e religiosa do mundo moderno, e em face dos erros da Rússia que, adotando novas formas, mais perigosas porque mais camufladas, não cessam de ser um flagelo contra a Santa Igreja Católica, até hoje proibida de fazer apostolado na Rússia!

FONTES:

BOURGEOIS, Padre Carlos, S.J. - Oriente e Ocidente na Igreja de Cristo. São Paulo, 1954. Paulinas.

VON GRUNWALD, Konstantin - Pequena história das grandes nações: União Soviética. Direção de Otto Zierer. Círculo do Livro. (importante análise do papel do Tzar nas pgs. 41-42).

ROMAG, Frei Dagoberto, O.F. M. - Compêndio de História Eclesiástica, Vol. III, Ed. Vozes, 1941. Pgs. 305-308 & 361-365.

CÂMARA, Dom Jaime de Barros - Apontamentos de História Eclesiástica. Ed. Vozes, 1942. Pg. 154; 302; 348 e 364.

Entrevista do Arcebispo Borys Gudziak: https://gaudiumpress.org/content/invasao-da-russia-provavelmente-exigira-martirio/

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