Memórias do Subsolo F Dostoiévski #101 Por Armando Ribeiro Virando as Páginas

2 years ago
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Memórias do Subsolo talvez seja um dos grandes Saltos de Fiódor Dostoiévski.
Dividido em duas partes, a primeira que dá nome à obra sujeita-se à narrativa de um funcionário público aposentado que escolheu viver dos 6.000 Rublos de Herança e passa à destilar todo seu escárnio ao ambiente social e psicológico que vivia. Não é a toa que este personagem pode ser a personificação do autor com pitadas ácidas de contra o Racionalismo, Idealismo e hipocrisia de época. Esta obra enseja diálogos com diversos outros pensadores e romancistas como Tolstoi, Kierkegaard, Nietzsche e, inclusive, nosso querido Machado de Assis, numa segunda etapa, a Novela " narrada pelo mesmo - “A propósito da neve molhada”, são lembranças do cafajeste do monólogo de 20 anos antes onde toda a personalidade do mesmo se vê exposta e chocante a todos que estão absortos à leitura da Obra, É dele sua própria autocrítica:

“Sou um homem doente... Um home mau. Um homem desagradável.” além de sua análise existencial da vida....

“... Pelo menos, se o homem não se tornou mais sanguinário com a civilização, ficou com certeza sanguinário de modo pior, mais ignóbil que antes. Outrora, ele via justiça no massacre e destruía, de consciência tranquila, quem julgasse necessário; hoje embora consideremos o derramamento de sangue uma ignomínia, assim mesmo ocupamo-nos com essa ignomínia, e ainda mais que outrora” (pgs. 36 e 37).

No misto de Nihilismo e Existencialismo observamos a obra de quem ainda voltava machucado dos subterrâneos da prisão em Omsk / Sibéria, diante da morte de sua primeira esposa e que, mais adiante, perderia simultaneamente um irmão e seu amigo e auxiliar na edição de seus textos.

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